domingo, 13 de maio de 2012

Páprica I - Ela não sabia dizer não (2ª parte)


DIVINA MÃE

A você que é mãe, seja de criação, adoção, afeto ou gestação. Você tem a sua própria história, seu cenário pessoal, mas seja quem for, você é uma mãe Divina e essas palavras são para você.



“Estou cansada.”

Descanse, Divina. A guerra acabou. Você lutou muitas batalhas, sobreviveu a torturas sem fim. Desbravou caminhos inimagináveis e carrega, sob a sua pele, as cicatrizes de sua alma.

A vida às vezes parece injusta, eu sei. Quantas vezes você desistiu de algo para ajudar alguém? Quantas lembranças se passam em sua cabeça ao se recordar dos momentos em que ficou calada para evitar uma discussão? Quantas vezes você olha ao seu redor e tenta entender o que você fez para merecer isso? Por que os outros conseguem e você não? Quantas vezes você sorriu para disfarçar o sentimento torturante de humilhação? Quantas vezes você se deitou no sofá, cansada com o dia de amanhã?

“ Quem é você?”

Você se entristece, Divina. Chora de frente ao espelho, tentando se lembrar daquela mulher que você já foi um dia. Onde está aquele brilho no olhar? Para onde foi aquela menina que tinha certeza de que teria muitas conquistas? Tantos sonhos, esperanças e lembranças que se foram em meio à luta. Sabe por que a jovem sonhadora morreu, Divina? Porque ela era fraca! Sabe por que você surgiu no lugar daquela moça que achava que podia tudo? Porque você, Divina, é forte! 

Quando você anda pelas ruas, milhares de pensamentos, metas de conquistas e superação permeiam sua mente, enquanto a insegurança e o medo correm em suas veias e enfraquecem seus braços e pernas e você se cala, pois acredita que não adianta mais. Você não sabe, mas, enquanto isso, aqueles que a veem passar pensam: “Como eu queria ser como ela e ter essa confiança!”.

Você conseguiu. A luta incessante acabou por um motivo muito simples. Você já venceu! Olhe ao seu redor e perceba as suas conquistas. Veja o que você construiu. Olhe daqui, longe de tudo, para que possa enxergar. Observe com cuidado e respeito o mundo que gira ao seu redor. Admire e ame o reino que você criou. Saboreie o que plantou durante todos esses anos.

“Onde eu estou?”

Rainha guerreira. Você está onde ainda não é o seu lugar. Você, mãe, deve estar ao lado de seus filhos. Eles precisam de você, mãe Divina. Acorde!

“Eu não entendo...”

Acorde!

_ Mãe, você consegue me ouvir? Aperta minha mão se estiver me ouvindo. Ela apertou, doutor!
_ Ela vai ficar boa, mas precisa descansar.
_ Certo... estou indo! Ouviu mãe, você vai voltar pra mim. Eu vou ficar ali na sala ao lado. Estou aqui pertinho. Descansa mais um pouco e assim que a senhora estiver mais forte, a gente vai pra casa. 

“Casa...”

Páprica.

BC



Páprica

Páprica (1ª parte)