sábado, 29 de junho de 2013

O Forte




Era uma vez, bem lá no interior
Nasceu um menino
Disse a parteira:
“Pra pegar na enxada é muito franzino
Sinto muito, seu Sinhô”
Disse o pai: “Fio meu num vai pra lida. Esse aí vai ser dotô”

O menino foi crescendo
Tomou tiro e jogou bola
Trocou gibis na porta do cinema
Traçou sua vida na escola
Como um dos heróis de faroeste e capa e espada, imaginava a sua história      
“É assim que eu quero ser! Quando eu crescer, vou ter minha vitória!”

Ainda rapazinho, sua própria vida se tornou sua lavoura
Quando a fantasia de menino foi abandonada
Enfrentou secas e ventos terríveis
O livro era a sua enxada
Pra resistir às intempéries, como os bravos personagens de sua infância, construiu um forte
E lá, protegido, continuou a semeada, em busca de seu norte

E foi nesse forte que eu nasci
E foi com os valores desse herói que eu fui criado
Com amor e gratidão eu digo
"Meu pai, muito obrigado!"

Sua missão no seu forte foi cumprida
Sua lida, satisfeita
Pode baixar a guarda, descansar
Ficar por conta da colheita



Becê

domingo, 2 de junho de 2013

Eu ouço a música!


Você olha para o lado e nota que alguém está olhando para você. Só então você percebe que estava falando sozinho há pelo menos dez minutos (você calcula isso porque a última lembrança que você tem é do momento em que saiu de casa). Depois disso, sem perceber, você se deslocou mentalmente para outro lugar e outro momento. Um lugar e um momento mais interessantes, pode-se dizer. É algo semelhante a quando  você está com fones de ouvido curtindo aquela música que tanto gosta. Você balança a cabeça e até canta de olhos fechados. Nas duas situações, quem está ao seu do diz "está louco", ou então diz "esse aí é bobo demais”.

Para as duas situações, a resposta a se dar é: "Eu ouço a música!"