segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O nosso reino tão distante

Era uma vez, em um reino muito, muito, distante, quando as trevas encobriam a verdade do sol e a luz se escondia na mentira da escuridão, duas pessoas resolveram, por bem, se unir em uma busca pela sinceridade, há tanto omissa dos corações.

Essas duas pessoas resolveram, então, que de seus lábios sairia somente o que considerassem verdadeiro, e que, quando a verdade pudesse machucar, elas nada diriam, dedicando-se tão somente a ouvir.

Logo no início, perceberam que quase sempre deparavam-se com pessoas que ao menor indício de diálogo tascavam-lhes logo um elogio desmedido, uma piada jocosa, um sorriso escondido entre lágrimas casuais e lágrimas de desespero. 

Era necessário admitir, o mundo era cruel demais para a verdade e, por mais que a sinceridade fosse um sentimento sincero, talvez fosse doloroso para ser expressado por outros lábios e auscultados por ouvidos sedentos de palavras enganadoras e maledicentes. Por este motivo, enquanto se vive na mentira, na felicidade pela desgraça alheia e no amargor, o sol deixa de brilhar e a única companhia que se tem é a treva, que faz morada nos corações endurecidos.

Perceberam, assim, que a sinceridade era sentimento a ser aproveitado em prol daqueles que se quer bem, de pessoas cuja convivência se desgasta pelo tempo e não pela aspereza da vida. Que a sinceridade independe de bom humor, de forma, de momento. A sinceridade é sentimento a ser partilhado, não imposto ao outro. A sinceridade caminha com o companheirismo, com o mais puro amor, o amor do "deixar ir".

Desde então, neste reino, a treva se desfez dos corações sinceros, dos companheiros, e dos bons ouvintes. A luz pode brilhar no coração de cada um destes, e tal luz fora compartilhada para todos do reino, por toda eternidade, desde que puros de coração. 


Amy Maoli

sábado, 3 de outubro de 2015

A última regressão

Às vezes eu fecho os olhos e tento voltar no tempo.
Visualizo o mundo como foi um dia e, por instantes, consigo completar a regressão.
Vejo novamente o rosto de amados que se foram. O calor do convívio. O cheiro de cada um. O aroma do amor mais puro.
Eles não estarão em meu futuro.
Sinto-me seguro por estar de volta naquilo que me parece ser o mundo ideal.

Às vezes eu abro os olhos e tento voltar à realidade atual.
Visualizo o mundo como é agora e, por instantes, consigo entender a razão de ser de tudo o que existe.
Vejo novamente o rosto de amados que surgiram. O calor do convívio. O cheiro de cada um. O aroma do amor mais puro.
Eles não estavam em meu passado.
Sinto-me seguro por estar de volta naquilo que me parece ser o mundo ideal.

BC