Era uma vez, bem lá no interior
Nasceu um menino
Disse a parteira:
“Pra pegar na enxada é muito franzino
Sinto muito, seu Sinhô”
Disse o pai: “Fio meu num vai pra lida. Esse aí vai ser dotô”
O menino foi crescendo
Tomou tiro e jogou bola
Trocou gibis na porta do cinema
Traçou sua vida na escola
Como um dos heróis de faroeste e capa e espada, imaginava a
sua história
“É assim que eu quero ser! Quando eu crescer, vou ter minha
vitória!”
Ainda rapazinho, sua própria vida se tornou sua lavoura
Quando a fantasia de menino foi abandonada
Enfrentou secas e ventos terríveis
O livro era a sua enxada
Pra resistir às intempéries, como os bravos personagens de
sua infância, construiu um forte
E lá, protegido, continuou a semeada, em busca de seu norte
E foi nesse forte que eu nasci
E foi com os valores desse herói que eu fui criado
Com amor e gratidão eu digo
"Meu pai, muito obrigado!"
Sua missão no seu forte foi cumprida
Sua lida, satisfeita
Pode baixar a guarda, descansar
Ficar por conta da colheita
Becê