domingo, 13 de outubro de 2013

Capetinha


Você tá de bobeira
Procurando nada
Você olha no olho dela
E sua paz acaba

Ela quer sossego
Você vai atrás
Ela dá um sorriso
E você quer mais

Você tá de bobeira
Ela te provoca
Você vai pro lado dela
Ela dá no pé

Ela quer sossego
Você deixa quieto
Ela joga aquele charme
E tira você do sério

Você tá de bobeira
Ela não dá bola
Um quer bebedeira
O outro coca-cola

Ela quer sossego
Você corre atrás
Pegou a pista errada
Devagar demais

Você tá de bobeira
Ela quer sossego
Vocês querem a mesma coisa
O jogo do chamego

Você tá de bobeira
Ela quer sossego
Voc...
...

....
...
...
...

(Continua)

sábado, 12 de outubro de 2013

VOCÊ, CRIANÇA!


Sabe quando vem aquela sensação de nostalgia dos tempos de infância? Aquele tempo bom de você criança?

Sua maior preocupação era o ralado no joelho, porque sabia que a mãe ia brigar. Você caiu voltando da escola. Estava correndo com um amiguinho. Como será que ele está? Quem será o homem que ele se tornou?

Você tinha medos bobos.
Se empolgava com facilidade.
Sentia ansiedade pelos menores detalhes.
Cansava de brincar e ia fazer outra coisa.

Hoje você aprendeu que ser adulto significa ter responsabilidades.
Não se divertir com futilidades em público.
Se preocupar com o futuro.
Remoer o passado.
Ter uma postura de respeito.

Agora viaja comigo!
Daqui há dez anos você se lembrará da época em que está vivendo agora e, com nostalgia, irá pensar: "Tudo era tão simples e eu não sabia. Se eu tivesse a cabeça que tenho hoje teria aproveitado muito mais."

E, geralmente, você não aproveita o agora porque:
Hoje você tem medos bobos (Cada decisão, por menor que seja, parece que irá mudar toda a sua vida).
Você se empolga (Em meio a tantas tragédias, pequenas satisfações chegam atropelando tudo).
Você sente ansiedade com os menores detalhes (Uma frase que ele falou. Aquele olhar pode ter significado algo. Será que devo responder a mensagem?).
Você se cansa de algo ou de alguém e vai fazer outra coisa (O relacionamento que perdeu a graça. As aulas que não fazem mais sentido. O serviço rotineiro).

A vida adulta é uma ilusão!
Você é a mesma criança da qual sente falta!
É só uma criança que se machucou demais.
Uma criança que se cansou dessa brincadeira chata.

Você, criança!
Se tá achando tudo chato, vá brincar de outra coisa!
Lave esse machucado, engula o choro e vá lá pra fora!
Faça novos coleguinhas. Invente novas brincadeiras.

Você, criança!
Não se cobre tanto!
Não se preocupe em ser a melhor criança do time!
A que cospe mais longe.
A que tem o pintinho maior.
A que corre mais rápido.
A que pula mais altão.

Apenas aproveite essa tarde gostosa.
Vai brincar, vai!

sábado, 27 de julho de 2013

Brincando com o dom adormecido (velha infância)

Dias que antecedem aniversário sempre trazem reflexão, assim como o final do ano. Estranhamente, em véspera de mais um aniversário, não me flagro pensando no futuro, mas sim nas coisas que eu gostava e que a vida adulta me fez esquecer.

Eu adorava desenhar. Dizia que ia ser desenhista. Talvez por isso eu sinta que está faltando algo. O que fiz? Desenhei!

Um desenho meio torto, um sorriso meio correto!

Esta aí:


Apenas um estalo - 1


Nossa vida é uma viagem que não acontece como planejamos. A paisagem está estranha e nos sentimos perdidos. Abrimos mão de noites de sono, dias, anos, saúde, amizades, parceiros, oportunidades, tentando descobrir em que rua deveríamos ter virado nesse mapa idiota que parece estar ao contrário. Tentamos nos acostumar com o lugar onde fomos parar. Tentamos voltar. Tentamos continuar seguindo para ver o que tem no fim da estrada. Provavelmente o erro foi termos planejado um itinerário acreditando que seríamos as mesmas pessoas que fomos um dia, quando colocamos a mochila nas costas. Sente-se na calçada, rasgue  a sua antiga lista de metas, respire fundo e comece a rabiscar. Às vezes, precisamos apenas de novos riscos para nos encontrar.

BC

sábado, 29 de junho de 2013

O Forte




Era uma vez, bem lá no interior
Nasceu um menino
Disse a parteira:
“Pra pegar na enxada é muito franzino
Sinto muito, seu Sinhô”
Disse o pai: “Fio meu num vai pra lida. Esse aí vai ser dotô”

O menino foi crescendo
Tomou tiro e jogou bola
Trocou gibis na porta do cinema
Traçou sua vida na escola
Como um dos heróis de faroeste e capa e espada, imaginava a sua história      
“É assim que eu quero ser! Quando eu crescer, vou ter minha vitória!”

Ainda rapazinho, sua própria vida se tornou sua lavoura
Quando a fantasia de menino foi abandonada
Enfrentou secas e ventos terríveis
O livro era a sua enxada
Pra resistir às intempéries, como os bravos personagens de sua infância, construiu um forte
E lá, protegido, continuou a semeada, em busca de seu norte

E foi nesse forte que eu nasci
E foi com os valores desse herói que eu fui criado
Com amor e gratidão eu digo
"Meu pai, muito obrigado!"

Sua missão no seu forte foi cumprida
Sua lida, satisfeita
Pode baixar a guarda, descansar
Ficar por conta da colheita



Becê

domingo, 2 de junho de 2013

Eu ouço a música!


Você olha para o lado e nota que alguém está olhando para você. Só então você percebe que estava falando sozinho há pelo menos dez minutos (você calcula isso porque a última lembrança que você tem é do momento em que saiu de casa). Depois disso, sem perceber, você se deslocou mentalmente para outro lugar e outro momento. Um lugar e um momento mais interessantes, pode-se dizer. É algo semelhante a quando  você está com fones de ouvido curtindo aquela música que tanto gosta. Você balança a cabeça e até canta de olhos fechados. Nas duas situações, quem está ao seu do diz "está louco", ou então diz "esse aí é bobo demais”.

Para as duas situações, a resposta a se dar é: "Eu ouço a música!"

quarta-feira, 27 de março de 2013

A FANTÁSTICA TRANSA ENTRE O UNO E O VERSO (ou PORQUE EU ESCREVO)



No princípio era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por ele e sem ele nada foi feito. Nele havia a vida e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam. (João, Capítulo I – Novo Testamento)

A caneta está bem ali. Ela fica assim, deitada, olhando para mim. Testando-me.

Pensamentos vêm à mente e então vou para onde ela está. Os pensamentos se esvaem e ela sorri. Essa danada sabe como me provocar.

Estou cansado, não quero nada com ela hoje e finjo que não a vejo. 

Mais ideias surgem. Vou atrás dela, mas ela não está mais lá. Não acredito que teve a ousadia de se esconder de mim. Novamente com esses joguinhos. Olho atrás de um livro e a encontro. Pego-a pela tampa e a jogo na mesa, como uma qualquer. 

Engraçadinha! Sabemos como isso irá terminar! Tentei ficar irritado com a brincadeira, mas ela é tão bonita. Que coisa mais linda!

Eu a pego com carinho. A posiciono sobre os dedos indicador e médio e pressiono suavemente com o polegar. Ela se deixa levar e se entrega. Começo a escrever vagarosamente as frases que já estão em minha mente. Aos poucos, o mundo ao redor começa a se apagar. Olho para ela, admirado, e vejo que naquele momento ela está longe de tudo também. Nada mais importa, além da nossa escrita.

Tiro a caneta das mãos por um momento e a repouso sobre a mesa. Ela está brilhando. Pego mais uma folha de papel e devolvo minha atenção a ela. 

Eu a seguro com força. A respiração fica mais profunda. Os dentes, cerrados. As ideias vão surgindo a cada batida do coração. Aos poucos minha mente fica cada vez mais em branco, enquanto o papel se preenche. As palavras saem das vísceras e vão para as pontas dos dedos e de lá para a caneta. Ela não hesita em demonstrar que está gostando. Movimenta-se com agilidade e a tinta flui mais do que naturalmente.

Palavras são entalhadas, uma a uma, e em mim não resta mais coisa alguma, além de um ponto final. 

Dou um beijo nela e calmamente recoloco sua tampa.

Sento-me ao lado e acendo um cigarro, satisfeito.

Ela se deita, aparentemente morta de cansaço, e depois olha docemente para mim.

Ao nosso lado, repousa magistralmente o registro de nossa relação tão intensa e necessária.

Amor e paixão pelo poder da palavra.


Maoli


sexta-feira, 8 de março de 2013

E, DE REPENTE, É SEXTA-FEIRA



Você acorda na manhã de segunda-feira já planejando chegar cedo ao trabalho para o serviço da semana adiantar. Problemas evitar. Do estresse se livrar.

A sua música passou.
A ração sobrou.
A cerveja gelou.
O telefone não tocou.
E, de repente, é sexta-feira.


É segunda-feira e você abre os olhos pensando em começar a praticar exercícios. Talvez uma leve caminhada. Dessa semana não passa. Diminuir a barriga. Começar a dieta. Andar de bicicleta.

A gata pariu.
A velha morreu.
O helicóptero caiu.
O livro que não leu.
E, de repente, é sexta-feira.


Seu despertador toca e é manhã de segunda-feira. Você acorda disposto. Essa semana será diferente. Você vai estudar. Para a entrevista de emprego se preparar.

A bolha estourou.
O sol nasceu.
A boca que se calou.
O carro que você bateu.
E, de repente, é sexta-feira.


Você nem dormiu direito pensando em tudo o que deixou para a última hora. É segunda-feira outra vez e você quer se organizar. Do lixo interno se livrar. A bagunça aí dentro arrumar.

A fumaça subiu.
O incenso acabou.
A dor de cabeça surgiu.
A música do Fantástico soou.
E, de repente, é sexta-feira.


Você sabe que é segunda-feira e está cansado de perceber que a vida passa e você não vê. Sem pressa você se levanta. Não quer nem pensar no que vai fazer. Abre a geladeira e a única preocupação é decidir o que comer. Saciar a lombriga. Dane-se a barriga.

O galo cantou. O câncer sumiu. A menstruação desceu. O beija-flor voltou. A Terra girou. O garoto sorriu. E, de repente, é bom dia. Olha o sol aí de novo.

É terça-feira, afinal!
A vida vem te buscar.
E você vai com ela de mãos dadas.
Um passo após o outro.
          Um dia de cada vez.
 



BC