domingo, 24 de abril de 2016

A TRIHA



Você não entende e não vê
Que como você eu estou perdido

O caminho se abre
A cada passo dado
Não sigo a esmo
Vou guiado pela sequência natural das coisas

Quando olho para trás
Vejo que tudo sempre esteve lá
Pedra por pedra
Encaixadas plenamente

Sempre esteve lá
O belo caminho simples

BC

domingo, 27 de março de 2016

FELIZ PASSAGEM!


E assim aprendemos
Que após o calvário
Perseguições e injustiças que você tem suportado
Após o isolamento
E aparente fim
A rocha se moverá
Seu momento de evoluir chegará
E sua ascensão será celebrada por todos os seus

Maoli

domingo, 13 de março de 2016

MEU LAR



Abro os olhos lentamente e quase me cego com o sol que  passa pela janela. 
_ Que horas são?  E, principalmente, quem tirou as cortinas? Ah, mas eu mato o esperto que fez isso.

Me levanto com dificuldade. Cabeça pesada, fraqueza, vertigem. 
_ Onde estou? Ufa! Meu quarto.

Não consigo me lembrar da noite de ontem.
_ Meu Deus! Que ressaca!

Saio do quarto procurando minha família.
_ Mãe! Cris!
Grito. 
Nenhum sinal. Vou lá fora.
Elas devem estar no quintal.
_ Cadê a droga da chave dessa porta? Só me faltava essa...
Estou preso em casa. 

A sensação de vertigem aumenta. Náuseas.
_ Vou vomitar.
Sento-me no sofá, abaixo minha cabeça e a apoio com as mãos. 
Eu estranho o conforto do sofá.
_ Quando foi que compramos um sofá novo? Caramba! Dessa vez eu exagerei. Não bebo nunca mais.

*
*
*

Ainda no sofá, olho pela janela e já está escuro lá fora. 
_ Quanto tempo fiquei aqui sentado?

Barulho no portão. Alguém está tentando abrir. Deve ser minha mãe ou a Cris chegando. 
_ Finalmente vou poder sair.
Uma sensação de pânico invade meu corpo. Não é minha mãe. Não é a Cris. É um homem estranho. 
Arrombou a fechadura do portão? Meu Deus, o que eu faço? 
_ Vá embora daqui! Eu já chamei a polícia! Vá embora! Socorro! Ladrão!
Grito na esperança de assustá-lo e, também, na esperança de algum vizinho ouvir. Grito, mas parece que minha voz não sai. 

Ele chega até a porta da sala. Agora está mexendo na fechadura. 
_ Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
No susto, saio esbarrando em tudo, cadeiras, mesa. Derrubo uma pilha de livros que estava em uma prateleira na sala. Ele para de mexer na porta. Acho que o barulho que fiz o assustou. Tomara que tenha ido embora.

Vou para meu quarto, pegar meu celular e ligar para a polícia. Ele volta a mexer na fechadura. 
Tento trancar a porta, mas não encontro as chaves. Nada do meu telefone também.
_ Onde estão as chaves dessa casa? Sempre deixei a do meu quarto na porta.
Não acredito. Ele entrou!

*
*
*

Me escondo embaixo da mesa de estudos, ao lado da cama. Ouço seus passos se aproximando. Ele entra no quarto, mas não me vê. Fica de costas para mim e joga uma pasta sobre a cama. O medo toma conta de mim. Estou respirando muito forte. Não consigo parar. O homem vai me ouvir. Ele começa a esfregar as mãos e, em seguida, os braços, como se estivesse sentindo frio, e, de repente, para. Acho que notou que eu estava ali. Olha para trás lentamente, me procurando.

Não tinha mais jeito. Eu me levanto.
_ Olha, pode levar o que quiser! Eu não chamei a polícia não, era mentira! Pegue logo o que quiser e vá embora! Por favor, eu não vou reagir, por favor, minha família deve estar voltando, por favor, não nos faça mal, por favor, por favor!
Estranhamente, ele faz sinal com a mão para eu não me mexer. Vai andando para trás, como que com medo. Sai do quarto e tranca a porta. Me deixa aqui. 
_ Como ele tinha a chave da porta? Meu Deus, o que está acontecendo?

*
*
*

Uma claridade muito forte entra pela janela. 
_ Como assim já amanheceu? Eu dormi? Será que ele já foi embora?
Ouço passos novamente. Passos e um burburinho. Dois homens e uma mulher. Nenhuma voz conhecida. Barulho de chaves. Vão abrir a porta. Cansei disso. Vou exigir uma satisfação. Eles entram.
_ Que droga que tá acontecendo? Quem são vocês? O que fizeram com minha família? 
Eles dão as mãos. O homem que me trancou no quarto está à direita, a mulher ao centro e o outro homem à esquerda. Fico parado olhando aquilo. Começam a rezar o Pai-Nosso. 
Eu falo gritando.
_ O QUE ESTÁ ACONTECENDO? O QUE ESTÃO FAZENDO NA MINHA CASA? RESPONDAM DE UMA VEZ!

A mulher sorri. Ela me diz que esse não é mais o meu quarto, que essa casa não é mais o meu lar e que agora o meu lar é outro. 
Diz que eu vou ficar bem, que está tudo bem e que logo tudo vai fazer sentido.
A luz da janela ficou ainda mais forte e duas pessoas passam por ela. Um homem e uma mulher.
_ Entraram pela janela? 
Que pergunta idiota! Essa parece ser a menor das minhas preocupações agora.

Os dois que acabaram de surgir sorriem para a mulher que aparentemente lidera o primeiro grupo, em seguida também sorriem para mim e me abraçam, enquanto os outros três continuam a rezar sem parar. 

Eu começo a chorar e murmuro.
_ Acho que entendo... estou com tanto medo... 

O homem que me abraçou dá um passo para trás, diz que cuidarão de mim e me convida para ir com eles.

Eu olho com certo pesar para minha antiga casa. 

Meu lar desde a infância. 

Esse lugar que carrega tantas memórias.

Ele estende a mão e diz novamente que tudo ficará bem. 

Eu estendo minha mão de volta e pergunto.
_ Para onde irão me levar?

NOSSO LAR!

BC

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O meu reflexo em seus olhos


Alguém disse certa vez que os olhos são a janela da alma.


Você abriu bem os seus olhos amendoados,
Permitindo-me ver a magia que habita em seu interior.
Um cenário profundo, rico em mistérios.
Um misto de tempestade e paz absoluta.
A alma mais linda que me foi apresentada.


Bem ao fundo de seus olhos, eu vi a imagem de um homem, familiar.
Escondido, adormecido, isolado, protegido.
Ele se levantou, veio em minha direção,
Olhou para mim e sorriu.


Em seus olhos eu me encontrei.
Em seus olhos eu vi a minha alma.
Em seus olhos, encontrei a paz.
Sensação maravilhosamente assustadora.


Fiquei paralisado, tentando entender.
Você fechou os olhos.
E eu paralisado,
Tentando entender.


BC

domingo, 13 de dezembro de 2015

Liberte-se!

Hora de mudança!
Pergunte a si mesmo:
O que me prende a você?

Seria o vínculo ao passado?
A paz que traz ao presente?
A expectativa de futuro?

Se alguma das três respostas for não, procure o que é possível fazer para mudar esse resultado.
Não sendo possível, não há razão para se prender.
Liberte-se!

BC

domingo, 1 de novembro de 2015

#diariodabruxa 1

Um pensamento.
Folhas e pétalas em um pote.
Um pequeno espelho.
Palavras repetidas uma certa quantidade de vezes.
Um sopro suave, seguido de um agradecimento.

E foi assim que eu fiz você pensar em mim! =)

#diariodabruxa

Amy

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O nosso reino tão distante

Era uma vez, em um reino muito, muito, distante, quando as trevas encobriam a verdade do sol e a luz se escondia na mentira da escuridão, duas pessoas resolveram, por bem, se unir em uma busca pela sinceridade, há tanto omissa dos corações.

Essas duas pessoas resolveram, então, que de seus lábios sairia somente o que considerassem verdadeiro, e que, quando a verdade pudesse machucar, elas nada diriam, dedicando-se tão somente a ouvir.

Logo no início, perceberam que quase sempre deparavam-se com pessoas que ao menor indício de diálogo tascavam-lhes logo um elogio desmedido, uma piada jocosa, um sorriso escondido entre lágrimas casuais e lágrimas de desespero. 

Era necessário admitir, o mundo era cruel demais para a verdade e, por mais que a sinceridade fosse um sentimento sincero, talvez fosse doloroso para ser expressado por outros lábios e auscultados por ouvidos sedentos de palavras enganadoras e maledicentes. Por este motivo, enquanto se vive na mentira, na felicidade pela desgraça alheia e no amargor, o sol deixa de brilhar e a única companhia que se tem é a treva, que faz morada nos corações endurecidos.

Perceberam, assim, que a sinceridade era sentimento a ser aproveitado em prol daqueles que se quer bem, de pessoas cuja convivência se desgasta pelo tempo e não pela aspereza da vida. Que a sinceridade independe de bom humor, de forma, de momento. A sinceridade é sentimento a ser partilhado, não imposto ao outro. A sinceridade caminha com o companheirismo, com o mais puro amor, o amor do "deixar ir".

Desde então, neste reino, a treva se desfez dos corações sinceros, dos companheiros, e dos bons ouvintes. A luz pode brilhar no coração de cada um destes, e tal luz fora compartilhada para todos do reino, por toda eternidade, desde que puros de coração. 


Amy Maoli

sábado, 3 de outubro de 2015

A última regressão

Às vezes eu fecho os olhos e tento voltar no tempo.
Visualizo o mundo como foi um dia e, por instantes, consigo completar a regressão.
Vejo novamente o rosto de amados que se foram. O calor do convívio. O cheiro de cada um. O aroma do amor mais puro.
Eles não estarão em meu futuro.
Sinto-me seguro por estar de volta naquilo que me parece ser o mundo ideal.

Às vezes eu abro os olhos e tento voltar à realidade atual.
Visualizo o mundo como é agora e, por instantes, consigo entender a razão de ser de tudo o que existe.
Vejo novamente o rosto de amados que surgiram. O calor do convívio. O cheiro de cada um. O aroma do amor mais puro.
Eles não estavam em meu passado.
Sinto-me seguro por estar de volta naquilo que me parece ser o mundo ideal.

BC

segunda-feira, 27 de julho de 2015

5 COISAS PARA SE FAZER EM 5 DIAS

(Compartilhe esse texto e a pessoa amada pensará em você essa noite, às 23:23h)


Então você vai tirar só uma semaninha de férias e não sabe como aproveitar esse tempo?
Não é porque o tempo é curto que você não pode curtir cada minuto.
Aqui vai uma lista de 5 coisas que você pode fazer para curtir a preguiça com louvor:



1º DIA - VÁ AO PARQUE E ESQUEÇA A SEMANA QUE PASSOU.
No primeiro dia a sua cabeça ainda está cheia dos afazeres dos dias anteriores. Para não acabar passando toda a semaninha já pensando no que fazer quando ela acabar, antes de se dedicar à alguma atividade a melhor coisa a se fazer é: NADA!
Permita-se! Você se deve isso, você sabe!
Vá ao parque e se desconecte, deite-se na grava e fique observando as árvores dançando com o vento.
Se você não gosta de ficar parado, faça uma caminhada.
Caso você seja do tipo que acredita não haver diversão sem álcool, leve uma caixinha térmica abastecida com sua cerveja preferida.
O importante é: permita-se se desligar, sem peso na consciência.

2º DIA - REJUVENEÇA SEM CULPA.
No segundo dia você já está com a mente resetada, então precisa fazer algo para não se entediar.
Lembra-se de quando você chegava da escola e não precisava fazer mais nada, trabalhar ou estudar para aquele exame de fim de ano, e passava à tarde na rua com os amiguinhos do bairro?
Reviva aqueles dias!
Que tal aquele cinema no meio da tarde? Uma pré-festa no inicio da noite e, o que você nem consegue mais se imaginar fazendo: ir à uma boate em plena terça-feira e curtir a noite como se fosse a última.
No mínimo você terá uma história engraçada para contar.

3º DIA - APRENDA A SE CURTIR.
Depois da energia gasta no dia anterior, você precisa de descanso. Agora uma ótima notícia: isso é possível!
Tire o terceiro dia para você. Fique de pijama. Faça maratona daquela série que você abandonou por falta de tempo, ou leia aquele bom livro que está de enfeite na estante.
Assim, você estará com a cabeça e o corpo relaxados, prontos para o 4º dia.

4º DIA - NAMORE.
Você descansou a mente.
Você descansou o corpo.
Organize as coisas para ficar confortavelmente a sós com aquela pessoa: comida, bebida, a trilha sonora ideal, aquela depilação básica (tosa higiênica) e namore! Sim!
Namore de manhã!
Namore à tarde!
Namore à noite!
Faça com que o 4º dia seja memorável.

5º DIA - O DIA D.
Você acorda e as lembranças do dia anterior estão em sua mente e, por que não, no seu corpo e até mesmo espalhadas pela casa.
O seu último dia de semaninha pode ser aproveitado de várias formas interessantes.
Minha dica é, REPITA O 4º DIA.
Não é bem uma lista de 4 coisas porque você pode inventar algo bem diferente.
Dessa vez você pode... ah, quem estamos enganando, você sabe muito bem o que fazer! 

Boa semaninha!
Aceito novas sugestões também! Dê sua dica de 5 coisas para se fazer em 5 dia nos comentários.

(Becê)

domingo, 21 de junho de 2015

Você heroi, você vilão!

Por mais que você escolha o caminho do bem,
um dia você irá se deparar com um problema que escapa da dualidade tradicional.
Sem tempo para pensar, deverá escolher ser bandeira preta ou bandeira branca,
ser "do bem" ou ser "do mal",
ser herói ou ser vilão.
Em determinado momento de sua vida
ou você se torna o vilão de alguém 
ou termina a sua própria história tornando-se vilão de si mesmo.
(BC Maoli)

domingo, 31 de maio de 2015

Cerrado Vosso

Cerrado, serrado
Cerrado Nosso
Serrado
Cerrado Vosso
Serrado
O cerrado está!

Cerrado, cerrado
Cerrado teu
Cerrado
Cerrado meu
Cerrado
O cerrado há!

Cerrado serrado
Cerrado Nosso
Serrado
Cerrado Vosso
Serrado
O cerrado está!

Cerrado, cerrado
Cerrado teu
Cerrado
O CERRADO É MEU!
Cerrado
Cerrado há!

Maoli



sábado, 21 de fevereiro de 2015

Semântica


Responda-me, em poucas palavras, o que é o amor:
_ O amor é essa vontade de estar juntinho.
O que é o amor?
_ Ora! Amar é querer bem. Admirar. Ter carinho. Vontade de cuidar.
O que é o amor?
_ O amor é desejar sempre a mesma pessoa. Não querer mais ninguém além da pessoa amada.
E para você, o que é amar alguém?
_ Amar alguém é se sentir bem apenas  por saber que essa pessoa existe, mesmo que ela não esteja com você.  É ficar tranquilo ao saber que ela está segura, independente de qualquer coisa.

Semântica! Palavras são ideias registradas em códigos e, por isso, limitadoras.  Nem todos os sentimentos ou ideias podem ser traduzidos em palavras. Algo sempre se perde e por isso todos tem dificuldade em definir o que é o amor. Por isso também que não se deve acreditar em poesias de amor. São apenas registros românticos. Algo é sentido pelo poeta, mas não o amor. Se algo pode ser definido, traduzido, quantificado, não é amor. É outra coisa. O amor não pode ser codificado e é justamente essa impossibilidade que o define. Amor é isso: Poesia sentida e que jamais será transposta. Ninguém jamais conseguirá ler esses poemas de amor verdadeiro. Ao menos não da forma tradicional. É preciso se abrir, se permitir uma vulnerabilidade, para que se possa ler nos olhos, na boca, no corpo e na alma de outra pessoa.

BC

domingo, 9 de novembro de 2014

ACEITAÇÃO


Aconteceu uma coisa estranha e interessante comigo ontem que me levou a aceitar, enfim, a vida adulta. Certos momentos na vida nos marcam como um ritual de passagem. Comumente são situações estressantes de sofrimento ou de glória, mas dessa vez ocorreu de um modo leve e natural. Com a intenção de curtir duas das bandas que marcaram minha adolescência, fui a um show de rock acompanhado da namorada e de um casal de amigos. Ontem eu fui curtir um show e, de repente, eu cresci.

A dor por me curar da "síndrome de Peter Pan", estando na companhia de pessoas que, sabe-se lá o porquê (paciência, bondade, espírito evoluído ou distúrbio mental), se mantêm ao meu lado, apesar de mim, foi incrível.

Como eu tendo a ver tudo de modo lúdico, senti que estava abandonando a Terra do Nunca ao lado de Wendy e os meninos perdidos (com todo o respeito da licença poética, amigos).

Aceitar a maturidade não significa que você não possa mais fazer o que gosta ou que tenha que deixar de ser quem você é. Significa fazer o que gosta com mais acuidade, ser quem você é em sua essência e ainda se permitir ser algo a mais. A verdadeira mudança acontece de dentro para fora, da alma para a pele. E como sempre acontece, essa mudança foi lúdica, poética, respeitando a receita básica de nascimento dos grandes poemas: melancolia, sorrisos saudosistas, madrugada, amores e uma pitada de dor nas costas - tuberculose é muito demodê).

Lá estava eu, no excelente show de minhas duas bandas favoritas, na companhia de pessoas que amo e admiro, reclamando do som alto, da superlotação, da neblina, da demora para começar, da demora para terminar, das dores nas costas e nos pés, contando "causos" da juventude, rindo de nós mesmos (todos rindo muito), ao som de  "... Como a vista é linda da roda gigante! Me lambe!" a "... Família é quem você escolhe pra você!" e eu senti a paz que sempre sinto quando consigo ver a poesia das coisas. Era poesia pura.

Gratidão e admiração pelo passado, enxergar os caminhos futuros com um brilho renovado no olhar, aumentam ainda mais minha satisfação com o presente que ganhei. Na verdade, estar ali, em um poema de rimas perfeitas, naquele cenário de um simbolismo cíclico gigantesco e com aqueles personagens marcantes, foi o melhor presente.

Aceito que evoluí e me desapego de quem eu fui um dia. Corrijo, me desapego de ser APENAS quem eu fui um dia e reconheço que é hora de quem minha alma se tornou se manifestar à flor da pele.

Cada um de nós enxerga o mundo a seu modo. Quando você muda, o mundo muda.

Anseio pelas poesias e aventuras vindouras nesse mundo novo.

domingo, 14 de setembro de 2014

Um bom domingo para você! "Rotina domingueira"


       Abro as janelas para o ritual matinal de desejar bom dia ao dia. Respiro fundo e encho os pulmões com o ar fresco do campo. Cheiro de domingo. Sorrio pensando na rotina domingueira. 
Aqui no campo cada um tem seu sistema. A primeira coisa que faço é dar comida e água aos bichos e só depois eu vou à venda. 
Sempre passo pelos pedaços de tijolo no meio da rua, que até o fim do dia anterior serviam como traves do jogo de futebol das crianças do bairro.
Ao chegar na venda, reclamo com Seu Tião que o queijo está muito caro. Seu Tião costumeiramente responde que estou certo. Comerciante esperto! Não abaixa o preço e eu pago o valor cobrado satisfeito.
Na volta, sempre encontro o Seu Antônio subindo a ladeira. Todo domingo ele se diverte me perguntando se deixei um pouco de pão para ele na venda ou se peguei todos para mim. Eu dou risada da brincadeira. Todo domingo.
Quando já estou chegando na varanda de casa, Dona Divina, sem falhar uma semana sequer, me para no portão e reclama um pouco de suas filhas, que não tem ajudado muito nas tarefas de casa, e me atualiza das notícias da vizinhança. Eu respondo algo genérico, tentando ser positivo. Sorrio e entro.
Aproveito meu café na varanda. Termino a leitura do jornal e os meninos já estão na rua aos gritos decidindo-se se o gol valeu ou não.
Para finalizar o ritual nesse sétimo dia de Nosso Senhor, tomo um banho frio, visto minha roupa de fim de semana e encontro os amigos na missa do Padre Zezinho.
Todo domingo. 
Agora respiro fundo mais uma vez, ainda na janela, peço proteção para mim e para você e agradeço pelo dia que terei.
E que você tenha um bom domingo!

_ Ave, Seu Tião! Esse queijo tá muito caro!
_ Sabe que cê tá certo?
_ Obrigado! Bom dia!
(...)
_ Sobrou pão pra mim?
_ Deixei uns pro senhor, Seu Antôin.
(...)
_ Dia, Dona Divina!
_ Ah, meu filho! Tá fácil não! Aquelas menina só quer saber de dormir. Pelo menos são moça direita. Tá sabendo que a filha do Tião embarrigou do namorado? E pelo jeito eles não vão casar não.
_ Ê, Dona Divina! Vai dar tudo certo!
(...)
_ Goool!
_ Não foi val! Foi trave!
_ Foi val sim! Nem vem! Foi dentro!
(...)
Sinos ao longe.
_ Estou atrasado! Acabei me distraindo.

domingo, 24 de agosto de 2014

Você e esses seus caprichos!


Lá vem você com esses seus enjoos.
Às vezes você me cansa, sabia?
Esse seu jeito certo, só seu.
A sua capacidade de querer ser agradada.
E, quando acerto, lá vem você se sentindo entendiada.
E, se insisto em agradar,
você se sente sufocada.

Você e esseus seus caprichos.

Certas vezes você amadurece.
Abre mão de suas exigências.
Torna-se uma pessoa externamente mais agradável
e internamente mais triste.

Seus caprichos são extensões de sua natureza.
Sua natureza é reflexo de sua centelha divina.
Não é escolha sua ser assim,
reagir assim.
E, na verdade, você não prejudica ninguém sendo como você é.
Você é o Pedaço de Deus que há em você, aí dentro.

Você é feliz com seus caprichos,
com seus enjoos.
Esse seu jeito chato.
E eu acabei entendendo que,
se eu gosto de você,
eu preciso gostar de você feliz.

E, já que é assim,
eu gosto do seu jeito chato,
gosto dos seus enjoos.
Eu gosto de você e esses seus caprichos.

Parece um pensamento banal, mas sinto que cresci ententendo que essa compreensão é uma peça fundamental no sentido da vida.
Concluir e aceitar isso me fez bem.

Obrigado!
Muito obrigado!

sábado, 31 de maio de 2014

A joaninha e o vendaval


Ela estava ali no jardim, sobre uma flor umedecida e adormecida que ainda se despertava com os primeiros raios de sol que surgiam naquele meu pedacinho de céu azul, tomando seu gole de orvalho matinal. Era uma joaninha diferente, com um ar que lhe dava o aspecto de um ser ao mesmo tempo frágil e forte. A fragilidade da leveza de seus movimentos e a força oriunda de sua natureza, que, juntas, transbordavam em suas cores tão vivas.

Haviam poucas nuvens no céu naquela manhã. Sabe quando ficam parecendo chumaços flutuantes de algodão? Daquele jeito. A joaninha percebeu que eu a admirava, se virou para mim, abriu suas asas e ficou um tempo assim, estática. Senti uma brisa suave. E a joaninha olhando para mim. Ela abanou um pouco suas asas. A doce brisa se transformou em um vento agradável. E a joaninha olhando para mim. Abanou suas asas mais rapidamente. A ventania tornou-se mais forte. E a joaninha olhando para mim. Ela bateu as asas apenas para mudar para a folha da margarida ao lado e começou o vendaval. Nada ficou em seu lugar. Entulhos foram arrastados e árvores arrancadas pela raiz.

Cobri meus olhos e, lutando contra aquela tormenta, dei um passo a frente e coloquei meu dedo indicador na folha em que ela havia pousado. Ela subiu em meu dedo, acalmou o soprar do vento, parou sobre minha unha e me permitiu admirá-la.

Olhei para cima e já não haviam mais nuvens no céu. Só havia o azul. O azul e a sensação de leveza na alma.

Maoli

domingo, 13 de outubro de 2013

Capetinha


Você tá de bobeira
Procurando nada
Você olha no olho dela
E sua paz acaba

Ela quer sossego
Você vai atrás
Ela dá um sorriso
E você quer mais

Você tá de bobeira
Ela te provoca
Você vai pro lado dela
Ela dá no pé

Ela quer sossego
Você deixa quieto
Ela joga aquele charme
E tira você do sério

Você tá de bobeira
Ela não dá bola
Um quer bebedeira
O outro coca-cola

Ela quer sossego
Você corre atrás
Pegou a pista errada
Devagar demais

Você tá de bobeira
Ela quer sossego
Vocês querem a mesma coisa
O jogo do chamego

Você tá de bobeira
Ela quer sossego
Voc...
...

....
...
...
...

(Continua)

sábado, 12 de outubro de 2013

VOCÊ, CRIANÇA!


Sabe quando vem aquela sensação de nostalgia dos tempos de infância? Aquele tempo bom de você criança?

Sua maior preocupação era o ralado no joelho, porque sabia que a mãe ia brigar. Você caiu voltando da escola. Estava correndo com um amiguinho. Como será que ele está? Quem será o homem que ele se tornou?

Você tinha medos bobos.
Se empolgava com facilidade.
Sentia ansiedade pelos menores detalhes.
Cansava de brincar e ia fazer outra coisa.

Hoje você aprendeu que ser adulto significa ter responsabilidades.
Não se divertir com futilidades em público.
Se preocupar com o futuro.
Remoer o passado.
Ter uma postura de respeito.

Agora viaja comigo!
Daqui há dez anos você se lembrará da época em que está vivendo agora e, com nostalgia, irá pensar: "Tudo era tão simples e eu não sabia. Se eu tivesse a cabeça que tenho hoje teria aproveitado muito mais."

E, geralmente, você não aproveita o agora porque:
Hoje você tem medos bobos (Cada decisão, por menor que seja, parece que irá mudar toda a sua vida).
Você se empolga (Em meio a tantas tragédias, pequenas satisfações chegam atropelando tudo).
Você sente ansiedade com os menores detalhes (Uma frase que ele falou. Aquele olhar pode ter significado algo. Será que devo responder a mensagem?).
Você se cansa de algo ou de alguém e vai fazer outra coisa (O relacionamento que perdeu a graça. As aulas que não fazem mais sentido. O serviço rotineiro).

A vida adulta é uma ilusão!
Você é a mesma criança da qual sente falta!
É só uma criança que se machucou demais.
Uma criança que se cansou dessa brincadeira chata.

Você, criança!
Se tá achando tudo chato, vá brincar de outra coisa!
Lave esse machucado, engula o choro e vá lá pra fora!
Faça novos coleguinhas. Invente novas brincadeiras.

Você, criança!
Não se cobre tanto!
Não se preocupe em ser a melhor criança do time!
A que cospe mais longe.
A que tem o pintinho maior.
A que corre mais rápido.
A que pula mais altão.

Apenas aproveite essa tarde gostosa.
Vai brincar, vai!