domingo, 16 de janeiro de 2011

AMOR AO PRIMEIRO SORRISO

Sonhei com uma garota tempos atrás. Há meses, já não sei quantos. Anos talvez. Ela tinha um olhar doce e uma postura firme. Aparentava tristeza. No sonho, caminhávamos juntos enquanto ela me contava sobre algo ruim que acontecera com ela e eu a confortava.

Durante o caminho, falei alguma coisa idiota que serviu ao mesmo tempo para devolver a ela o brilho no olhar e para eu receber um tapa nos ombros, desses que só ganhamos de quem gosta da gente, e foi então que percebi algo mágico. Eu a fiz sorrir. O sorriso mais puro, iluminado pelo brilho encantador de seus olhos deu a mim uma leveza na alma que não me lembro de antes ter sentido. Eu estava renovado. A turbulência de meus planos auto-sabotadores, a dor de carregar enorme rancor no coração e o peso de minha alma cansada simplesmente desapareceram com aquele sorriso.

Foi, então, que eu acordei.

A sensação era de uma lembrança boa de algo que realmente havia acontecido há pouco tempo. Demorei alguns segundos para entender que eu nunca havia visto aquela menina e ainda aceitar que talvez... não talvez, provavelmente, ela nem exista realmente. Fiquei triste quando entendi que era apenas um sonho, mas, ao mesmo tempo, algo curioso me chamou a atenção.

A depressão desapareceu.

Anos e anos de amargura e passos descrentes, degraus decrescentes. Parado no tempo enquanto olhava com olhos opacos o mundo girar com toda sua força. Despertando diariamente me lamentando por não ter morrido enquanto dormia. Tudo se foi com um sonho, sem deixar qualquer vestígio. Era ainda madrugada, abri a janela, olhei para cima e observei placidamente o infinito celeste. Morrer para que, se a lua é tão bonita? Minha alma se tornou leve e com vontade de vida como a de uma criança. Quem me conhece hoje, jamais imagina quem eu fui e me divirto com as tentativas frustradas que alguns tem em entender quem eu sou.

Eu sou um homem que vive a procura do sorriso que viu em um sonho.

Bruno César Machado de Oliveira

3 comentários: