Bem-me-quero, mal-me-quero, bem-me-quero, mal-me-quero...
“quantas cores,
quantos aromas,
quantos amores...
inúmeros, inúmeros.”
TESTE-BASE
Antes de
começarmos, apresento a você um teste. É como aqueles que você fazia lendo
revistas de adolescente, onde tinha que marcar se preferia fazer compras no
shopping ou no supermercado e no fim mostrava um resultado dizendo que você é
uma pessoa legal e comunicativa.
Sem
pensar muito, marque a alternativa que primeiro vier à cabeça. A primeira coisa
que vier à cabeça, hein? Seja honesta!
1) Quando um
amigo te liga, antes de atender você pensa:
a. Oba, uma
ligação!
b. Ai, que
saco!
c. O que
será que ele(a) quer dessa vez?
2) Quando
percebe que vai passar o fim de semana em casa com sua família, o que vem à
mente:
a. Oba, mais
tempo juntos!
b. Ai, que saco!
c. O que vão
cobrar de mim dessa vez?
3) Quando
você vai ao médico?
a. Quando
sente muita dor
b. Em
check-up anual
c. Quando
vai fazer seleção de emprego
4) No
trabalho, quando você não recebe um elogio por um serviço ao qual se dedicou,
você pensa:
a. Na
próxima vez eu vou me esforçar ainda mais.
b. Ai, será
que não ficou bom?
c. Quer
saber, vou é cruzar os braços a partir de agora
5) Quando
você mais pensa em uma força superior?
a. Quando
para pra admirar a natureza
b. Quando
precisa de um desejo realizado
c. Ao acordar
6) Qual
desses cantores você prefere:
a. Leonardo
b. Djavan
c. Lady Gaga
7) Qual
desses pratos você mais gosta:
a. Macarrão
b. Arroz,
feijão, bife e batata-frita
c. Petit gateau
8) Para qual
desses lugares você gostaria de ir agora:
a. Uma praia
no nordeste
b. Um lugar
isolado no meio da floresta
c. Um café
em Paris.
O
resultado do teste será encontrado no texto a seguir =>
APRESENTAÇÃO
O jardim das margaridas foi um texto
escrito por mim em 1999 para participar da semana cultural no colégio em que eu
estudava. Ganhei pontos para a aula de português, mas não ganhei o concurso da tal
semana cultural.
Ter
perdido essa seleção de trabalhos fez muito bem para mim, pois, ainda menino,
tive que aprender a lapidar textos de modos variados. A partir daí compreendi
que o mundo se dividia em dois: o mundo com as coisas como eu gosto, e o mundo
com as coisas como os outros gostam. Os dois mundos precisam ser respeitados.
Desde
então, o Jardim das Margaridas se tornou uma referência para mim. Eu o vejo
como um mapa para controlar a autoestima, a sensação de vazio, ambições, orientar
planos e sonhos, crenças e vontades. Vou registrar aqui a ideia central passada
no texto, de modo mais direto, de acordo com a minha atual interpretação dessa
obra.
B.C.
O JARDIM
Você
sente que a vida é uma maratona, mas por mais que treine, sempre próximo da
linha de chegada, você tem uma câimbra? Se sente como um lampião no meio do
mato, que tem sua luz própria, mas acaba atraindo um monte de insetos? Seus
planos perfeitos não se concretizam e não sabe o porquê? Se esforça em prol de
uma causa e não recebe o devido reconhecimento?
Isso
acontece porque você está destruindo o jardim das margaridas. Sim, eu sei que
acha que essa baboseira não faz sentido. Calma, eu posso explicar.
Se
lembra de quando era criança e pegava uma margarida e ficava brincando:
“bem-me-quer, mal-me-quer, bem-me-quer...”, e no fim você sabia se era bem ou
se era mal (muitas vezes enganando a margarida para que a última pétala sempre
acabasse no bem-me-quer)? Pois bem, você conseguia duas coisas: tinha a sua
resposta e uma margarida morta.
O
mesmo ocorre com tudo no mundo: com a saúde do nosso corpo e da nossa mente;
com nossos familiares; com nosso trabalho; com nossos amigos. Tudo são pétalas
de possibilidades. Imagine a seguinte situação: Você acaba de começar um
relacionamento. Esse relacionamento é uma margarida que nasceu. Você pode
cheirar a margarida, pode admirar suas cores e até conversar com ela igual a
uma doida (vai me falar que você nunca conversou com plantas? Converse!), mas
aí o que você faz? Você começa o bem-me-quer.
Logo,
a primeira pétala é arrancada:
_
Será que ele tem outra?
E
então a segunda:
_
Ele gosta de mim ou só quer me comer?
A
terceira:
_
Esse tom de voz está escondendo alguma coisa.
E
assim, vão-se as outras pétalas, e o que você tem agora? Você conseguiu duas
coisas: você tem a sua resposta e uma margarida morta.
Agora
pare e pense no que foi dito antes. Da mesma forma acontece com outras coisas.
Pense em outras situações que se encaixam. Quantas margaridas foram destruídas
nessa brincadeira de questionar demais? De pensar demais? Relacionamentos,
trabalho, estudos, família? Quantas horas de sono você perdeu tentando achar
respostas que só servem para destruir o jardim?
“(...) e lá estava eu, em meio a um vasto jardim, de flores
despetaladas. Deus, eu só queria um abraço.” (O jardim das margaridas – Maoli)
O DONO DO JARDIM
Tem
um segredo que você precisa saber, mas não pode contar para ninguém. O jardim
não é seu. O jardim não é meu. Não é um jardim DE margaridas, é o jardim DAS
margaridas. Elas são plantadas por Deus e donas de si próprias. Nós apenas
devemos aproveitar o jardim, adubar, regar e proteger as pétalas com todas as
nossas forças.
“Agora, Arjuna,
Levata-te e Luta!”
(Bagavad gita)
VOCÊ TAMBÉM É UMA MARGARIDA
E
quanto a sua visão de si mesma? Você e a sua autoestima já provaram todos os
sentimentos conhecidos e muitos outros inimagináveis. Vocês já se amaram, já se
odiaram, já caíram nos tapas uma com a outra, sem perceber que as duas são você.
Já se magoaram a ponto de ficar de mal. Já fizeram as pazes. E quando tudo está
bem, a história se repete. Agora pense em você como sendo uma das margaridas. Você
é uma flor, com suas cores, seu aroma e suas funções importantes como as de
produzir néctar, atrair polinizadores, além de gerar e receber pólen, mas
então, o que você faz? Começa a brincadeira: “Bem-me-quero, mal-me-quero,
bem-me-quero...”. Assim, como quando era criança, muitas vezes o mau-humor
passa e você se esforça para chegar ao resultado bem-me-quero. Parabéns! Você
conseguiu duas coisas: trabalhar sua autoestima e mais uma margarida destruída.
Você.
“Não tenha medo, olhe a sua volta.
Vê? É o maravilhoso jardim das margaridas! (...) Quantas cores, quantos aromas,
quantos amores... inúmeros, inúmeros.” (O jardim das margaridas – Maoli)
ADUBE. REGUE. PROTEJA AS SUAS PRÓPRIAS PÉTALAS
Alimentar
a autoestima é importante e necessário, afinal, como diz a sabedoria popular:
“Se você não se amar, quem é que vai?”. Com isso podemos pensar: E se você se
amar, quem mais vai? A resposta é: todo mundo! Então, não puxe suas próprias
pétalas, nem as pétalas de ninguém. Viva para proteger o jardim das margaridas
daqueles que tentam despetalá-lo.
Olhe
no espelho e dê uma chamada de atenção em você mesma. Não seja brega dizendo:
“Você é bonita! Você é forte! Eu posso, eu quero, eu consigo!”. Olhe no fundo
dos seus olhos e diga: “PUTA QUE PARIU, COLEGA! Assim não dá!”. Mais umas broncas
e depois, quando seu reflexo estiver meio murcho e com as orelhas baixas, aí
sim. Vai! Seu reflexo merece. Você pegou pesado. Chame o reflexo de volta, dê
uma piscadinha e diga: “Gostosa!”. Agora sim você está pronta: se levanta, sacuda a poeira e deixe o
jardim renascer. Ele sempre renasce quando deixamos acontecer.
“Precisamos aceitar
nossos defeitos, perdoar nossos erros e entender que somos, acima de tudo,
amigos e parceiros que se uniram para, juntos, seguir o caminho da vida
superando dificuldades. E se não der certo mesmo com toda essa compreensão, eu
troco de marido, oras! Eu sou gostosa!
Vou viver mais em
vez de fazer planos. Ser feliz e todas as outras conquistas será conseqüência!
Tenhamos todos um
natal muuuito feliz e um ano novo cheio de saúde e prosperidade!!!
Minha lista de
resoluções para o ano novo: Vou desligar o celular e fazer caminhada alguns
dias na semana. E minha gordura localizada irá comigo ao clube sempre que ela
quiser, graças a Deus!”
A NOVA ROTINA
Para
ajudar a manter o jardim saudável é preciso trabalhar uma nova rotina. Uma
rotina leve e que traga satisfação. Para a sua elaboração, é preciso
compreender que uma flor sozinha é admirada, mas não forma um jardim. É preciso
flores diferentes, lembrando que diferença gera atritos e que atritos são
necessários para lapidar qualquer material. Atritos não no sentido de brigas,
mas no sentido de conviver com pessoas que enxergam o mundo de modo diferente
do seu. Não existe “o” jeito certo. Existem vários jeitos certos. E cada modo
de enxergar o mundo precisa ser respeitado. Se todos fossem como você o mundo
seria um lugar melhor, mas logo você acharia tudo um tédio.
Calcule
seus passos a curto, médio e longo prazo. Mas não faça planos de comprar a lua.
Não planeje coisas legais se forem improváveis. A felicidade vem de pequenas
vitórias e as grandes conquistas são consequência da pessoa feliz. Planeje o
futuro de modo racional, calculando uma meta possível de ser alcançada por um
ser humano médio e calculando também qual o preparo necessário para se chegar
lá. Como por exemplo, adquirir um imóvel. Você não pode arrancar pétalas
pensando “Eu vou conseguir, eu não vou conseguir, eu vou conseguir”. Planeje o
básico: para comprar um imóvel é preciso dinheiro. Como se consegue dinheiro de
modo honesto? Trabalhe! Seja útil e terá o retorno. Ser útil funciona como um
adubo para o jardim. Faça alguma outra flor mais bonita e você obterá as
respostas que procura.
É
um ciclo. E quanto mais simples esse ciclo, mais satisfação trará.
“Simplicidade é o que há de mais
sofisticado.”
A RECEITA DO BANQUETE
Responda
de modo livre, porém objetivo, em uma linha:
1) Você
se ama?
2) Você
ama mais alguém? Quem?
3) Quem
você não suportaria perder para sempre?
4) Quem
você gostaria de fazer sorrir?
5) Quais
companhias você gostaria de ter ao seu redor em seu tempo livre?
6) Quais
lugares do Brasil e do mundo você gostaria de conhecer e ao lado de quem?
7) Qual
esporte você vai praticar?
8) Qual
música vai ser parte da trilha sonora da sua vida?
9) Qual
seu prato favorito?
10) Qual
aroma você gosta de sentir a ponto de fazer você sorrir?
CONCLUSÃO
Agora
você já se conhece melhor.
Agora
você já sabe que a vida é um jardim que tem dono e que cabe a nós cuidarmos
dele.
Agora
você já sabe que você é uma das tantas margaridas desse jardim, e que não deve
retirar pétalas de outras flores e nem mesmo as suas.
Agora
você já sabe que deve mudar sua rotina, não apenas para não destruir o jardim,
como para evitar que outras pessoas o façam.
Agora
você já sabe que deve pegar esse último questionário e segui-lo como a um
roteiro.
Use-o
como início da sua nova rotina, com a qual, você se sentirá mais forte para
ajudar a cuidar do jardim.
Compare
com as respostas do primeiro questionário, o qual serviu para você começar a se
conhecer.
Compre
um caderno e registre a sua evolução pessoal.
Após
um período, crie novas perguntas e se dedique às suas novas respostas.
Releia
suas anotações, não como um diário, mas como uma receita de um banquete
delicioso que você irá organizar.
E
essa mesa farta que você está aprendendo a preparar, com tudo o que há de mais
gostoso... É a sua vida.
Prepare-a
e sirva-se à vontade!
“Dentro dos limites que Deus me
permite, eu escrevo a minha vida como eu quiser.” (Divina em Páprica I)
B.C.
Para quem trabalha em escritório você é um excelente escritor!
ResponderExcluirMuito obrigado, Jaquelina! Que bom que gostou!
ExcluirBelo teste. Teste que devemos fazer sempre em nossas: Sou um amigo, sou um chato?
ResponderExcluirEnfim, uma delícia de leitura!
Volto sempre.
Sempre q leio esse texto (sim, li incontáveis vezes) sinto como se estivesse lendo um texto escrito para mim. Temos mania de querer ter o controle das margaridas e acabamos as matando. Quando as deixamos em seus campos e só vivemos, sem 'bem me queres" tudo fica bem mais fácil. Valeu, brow
ResponderExcluir