sábado, 31 de maio de 2014

A joaninha e o vendaval


Ela estava ali no jardim, sobre uma flor umedecida e adormecida que ainda se despertava com os primeiros raios de sol que surgiam naquele meu pedacinho de céu azul, tomando seu gole de orvalho matinal. Era uma joaninha diferente, com um ar que lhe dava o aspecto de um ser ao mesmo tempo frágil e forte. A fragilidade da leveza de seus movimentos e a força oriunda de sua natureza, que, juntas, transbordavam em suas cores tão vivas.

Haviam poucas nuvens no céu naquela manhã. Sabe quando ficam parecendo chumaços flutuantes de algodão? Daquele jeito. A joaninha percebeu que eu a admirava, se virou para mim, abriu suas asas e ficou um tempo assim, estática. Senti uma brisa suave. E a joaninha olhando para mim. Ela abanou um pouco suas asas. A doce brisa se transformou em um vento agradável. E a joaninha olhando para mim. Abanou suas asas mais rapidamente. A ventania tornou-se mais forte. E a joaninha olhando para mim. Ela bateu as asas apenas para mudar para a folha da margarida ao lado e começou o vendaval. Nada ficou em seu lugar. Entulhos foram arrastados e árvores arrancadas pela raiz.

Cobri meus olhos e, lutando contra aquela tormenta, dei um passo a frente e coloquei meu dedo indicador na folha em que ela havia pousado. Ela subiu em meu dedo, acalmou o soprar do vento, parou sobre minha unha e me permitiu admirá-la.

Olhei para cima e já não haviam mais nuvens no céu. Só havia o azul. O azul e a sensação de leveza na alma.

Maoli

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