sábado, 8 de maio de 2010

QUANDO UM CAPÍTULO SE ENCERRA


Somos nossas memórias e o que elas representam em nossas vidas. Quando essas lembranças, que há anos serviram como balança para separar o certo do errado, o que realmente importa do que é banal, o bem do mal, de repente, sem aviso, simplesmente perdem o significado, nos perguntamos: E então? O que acontece?

No ciclo normal de nossas vidas, quando um capítulo é encerrado, temos, por base na premissa deixada nas últimas páginas, uma expectativa do que virá a seguir. Mas, e se o capítulo se encerra por si mesmo? Não que não haja expectativas quanto ao conteúdo de capítulos vindouros, apenas não há mais a sensação de ter havido um “antes”. Tal capítulo é encerrado talvez sem um fim que amarrasse todas as pontas soltas, mas, ainda assim, com a sensação de uma obra completa. Um capítulo que se encerra, como se encerrado fosse todo o livro. Assim sendo, o próximo capítulo não tem o gosto de uma seqüência angustiante, intrigante ou emocionante. É meramente o início de um novo livro dentro da mesma capa.

Todos nos definimos em algo, como algo, para algo. Tendo como definição pessoal, um conflito entre a insatisfação com o presente, um passado agridoce já desaparecendo na memória e um sonho aparentemente inalcançável de futuro, estranhamente perdido toda a importância após uma noite de sono, o que lhe resta? Se o passado não importa, e o futuro não é mais um deslumbre infantil; estando a base que o tornava ciente de quem você é transformada em uma folha em branco, ouso lhe perguntar: Quem você é agora?

Bruno César

LEMBRANÇAS DO FUTURO DO PRETÉRITO E OUTROS TEMPOS VERBAIS QUE NÃO DEVEM SER DITOS (1ª PARTE)


Era uma vez, em um futuro não muito distante, olhando pela janela a procura de estrelas e aguçando seus ouvidos em busca dos sons da noite, você, em um futuro mais próximo do que pode imaginar.

Saber o fim da história pode estragar o prazer de vivenciá-la. Talvez seja o não saber que traz a vontade de viver mais um minuto. Algumas pessoas não se importam se alguém as conta a história de um livro ou filme, vai querer ler e assistir da mesma forma. Essas pessoas não se apegam ao fim, mas, sim, à jornada.
Se você for uma dessas pessoas, continue a leitura.
Se não quer que eu estrague a surpresa, se acha entediante viver sem a ansiedade da insegurança, aconselho a parar por aqui.

Pois bem. Continuemos. Olhando pela janela, você se pergunta onde e quando exatamente estava a encruzilhada cuja estrada você pegou por engano. Seguiu em frente quando hoje você acredita que deveria ter virado à direita.

Vendo as luzes ao longe é estranho e fascinante notar que tudo fica mais fácil, agradável e prazeroso depois que se torna passado. Uma pessoa faz muito mais falta no passado do que faz no presente. No presente nem faz falta. Tanto faz. Mas então se torna passado e... Como você pode viver sem esse alguém? Sua ausência lhe traz uma pressão estranha no peito. Fácil entender porque os poetas relacionavam sentimento com coração em vez de sua verdadeira fonte, o cérebro. O peito realmente dói. Às vezes o cérebro também dói. Mas não se preocupe, vai passar. Não nessa época de seu futuro que estamos abordando, mas um pouco mais a frente. De qualquer modo, vai passar. Você vai se acostumar.

Como tem acontecido nos últimos anos, creio que começou ainda no seu presente, apenas se intensificando com o passar dos meses, a noite lhe atrai com uma força magnética irresistível. As paredes lhe apertam. Você precisa mergulhar na noite. Você sai.

Eu sei que caminhar faz as vozes em sua cabeça falarem mais pausadamente. Um dia você vai me contar isso e eu irei achar estranho, mas pensando bem, depois de tudo que vimos, faz até sentido. Fazer sentido é bom.

Em sua caminhada, você verá lugares movimentados, como aquele bar que um dia você poderia ter ido. Um grupo lhe chama a atenção, pois uma pessoa sentada à mesa se parece muito com quem você era. Era bom, não? Você imagina se são colegas de trabalho. Lembrando-se de seus próprios colegas você não imagina porque tudo aconteceu daquela forma. Vendo agora é tão simples. Simples demais. Se ao menos você soubesse disso antes...

(...)


BC Maoli
17.04.2010

EU SOU!


(Uma tentativa de resposta sincera)

Sou aquele que acorda de manhã e fala: Bom dia, Dia!

Sou aquele que:
Plantou grama para ter a liberdade de pisar
Colhe fruta do pé
Anda com os pés no chão
Sou aquele que depois de tudo, ainda consegue deitar na rede e ver desenho em nuvem

Eu sou aquele que detesta truques de mágica e ama a magia
Que usa roupa do avesso e só percebe na hora de tirar
Sou aquele que sai de casa usando camiseta com estampa de banda, bermuda e chinelo, não por ser fuleiro, não por querer passar alguma idéia, mas apenas porque realmente acha que está bem vestido (bom, talvez eu seja fuleiro)

Eu sou jurista por profissão
Filósofo por natureza
Escritor, por ter algo a dizer, mas que não sai (um dia descubro o que é)
E jornalista, porque agora todos somos

Eu sou aquele que, antes de dormir, olha as estrelas e diz: Valeu, Brother! Valeu!

BC