segunda-feira, 18 de junho de 2012

LEMBRE-SE DE MIM


Eu olho ao meu redor e vejo uma caixa de madeira sobre a mesa
A caixa olha para mim e me conta uma série de histórias
Ela me lembra de quando a vi pela primeira vez ainda em sua casa
De quantas vezes a abri e fechei
Do dia em que quase a deixei cair
De quando a limpei
Anos de histórias contados em um olhar


Me lembro de onde estou
E olho para o outro lado
Vejo uma prateleira
Sobre a prateleira, uma cuia de chimarrão
A cuia vira para mim e me conta uma história muito bonita
Ele me conta de quando eu experimentei chimarrão e me pareceu chá de capim
De como meu avô, sem ser gaúcho, aprendeu a gostar disso
Ele falando com seu português errado, tão lindo e saudoso:
“Não é bom não. Só fica bom depois que vicêia.”
Eu gosto das historias que a cuia de chimarrão me conta


Eu já me distraí mesmo dos estudos, então me deixo levar
Apenas busco mais um contador de histórias
Acho aquele pequeno duende que ganhei de aniversário em 1999
O duende se senta sobre o suporte onde está localizado e começa a contar “causos”
Me lembra de quem me deu o presente
E de como era moda gostar de coisas esotéricas no fim dos anos noventa
Observa que quase nada no mundo mudou na tal era de aquário
Que alguns dizem que já chegou
E me diz que se impressionou no quanto eu mudei
Desde que era apenas um adolescente filhinho da mamãe metido a hippie
Agradeci ao elogio do duende e me pus a pensar


Essa “loucura” também pode acontecer com você, caro colega que está lendo esse texto?
Se acontecer, por favor, me conte
Olhe agora para algum objeto que está ao seu lado
Na mesa
Prateleira
Ou em cima de sua cama
Escolha algum presente ou lembrancinha qualquer que guardou e que está ao seu redor
Agora mesmo, próximo ao computador
Tem algo aí perto
Eu sei
Olhe para esse objeto e pergunte:
“Qual a sua historia?”
Quem lhe deu? Quando? Se você comprou, em qual circunstância?
Não tenha vergonha de surtar uma vez na vida
Acredito que um surto tão lindo é uma experiência que merece ser vivida e compartilhada


Desejo que todos possam ouvir histórias de pequenos objetos
Lembranças de entes queridos, que muitas vezes não existem mais, fisicamente, em nossas vidas
Tem quem não goste de histórias, mas como disse um sábio:
“Não é bom não. Só fica bom depois que vicêia.”
O universo precisa se renovar e por isso tudo muda tão rápido
O para sempre é relativo e de um modo ou de outro vai acabar
E quando você se for?
Será apenas uma memória agradável que irá gradualmente se apagar?
Seja lembrado!
Deixe um pouco de você
Seus valores
Seu carinho
Já pensou nisso?
Um objeto
Alguma simples lembrancinha
Guarda para sempre um pouco de você
Quando você se for, esse pequeno objeto irá contar a sua história
Você fica para sempre no presente que você dá de coração
Afinal, é tudo o que irá restar de você um dia

Uma doce lembrança 


BC

6 comentários:

  1. Adorei!
    Se a gente prestar atenção, cada pequeno objeto, cada cantinho de nossa casa contam-nos algo de nossas vidas, nosso passado e presente. Contemplá-los com este olhar que falastes no poema nos faz reviver tantas sensações, lembranças! Nada mais real que seu texto.

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    1. Olá! Que bom que gostou. A contemplação citada no texto aconteceu no último fim de semana e,como você disse, cada cantinho da casa conta-nos algo, mesmo coisas para as quais não damos mais muita atenção. Muito obrigado pela visita!

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  2. Teu blog é ótimo, parabéns!

    Vem conhecer o meu:
    leiakarine.blogspot.com

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    1. Obrigado, Karine! Irei agora visitar seu blog! Abraço!

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  3. Interessante como as vezes encontramos pessoas e relatos de fatos tão próximos de nossa realidade, é bem assim...aqui me identifiquei com muita coisa ...coisas simples que vicêia e faz amizade nascer.
    beijos
    Joelma

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