quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O PEQUENO GIRASSOL

(um outro ponto de vista sobre a história do rio sereno)

Eu fiquei esperando parar de chover. Parou e eu fui pro quintal. Eu gosto de marrom e verde. Não só de marrom e nem só de verde, mas de marrom e verde. O quintal é marrom e verde e eu gosto do quintal. Só que não tava muito marrom nem muito verde, tava tudo meio amarelado. Eu resolvi plantar uma semente de girassol no jardim que meu avô mandou eu dar pros pássaros, só que uma semente eu quis plantar. Quando ele ficar grande também vai ficar amarelo. Minha roupa, a cor da parede e até a cara da minha mãe tava meio amarela. Aí minha mãe falou que era porque tinha um arco-íris bem grande e tudo fica meio amarelado por causa do brilho do tesouro que fica no fim do arco-íris. Antes era verde e marrom e misturou com azul, vermelho e mais um monte de cor e as coisas ficavam douradas. E eu resolvi que ia achar esse tesouro.

Sempre que chovia eu corria pra fora pra procurar o arco-íris e ir atrás do tesouro que brilhava tanto. Aí eu corri e procurei e procurei, e cheguei bem perto algumas vezes, mas toda vez o arco-íris desaparecia.

Um dia apareceu um arco-íris bem grandão. Ia de um lado até o outro. Esse foi mais atrevido e deixou eu chegar bem pertinho. Eu tinha certeza que tava quase encostando nele, porque tudo tava dourado demais, quando o danado começou a sumir. Aí eu entendi que tava na ponta errada e o tesouro ficava é do outro lado, mas não dava mais tempo e eu tinha que esperar chover de novo.

E todo mundo que sabia que eu tava nessa busca vinha me contar como é o tesouro e antes eu não sabia como era o que eu tava procurando, mas se todo mundo sabe do jeito que o tesouro é, eu já sabia o que tinha que procurar e tinha que ser mais rápido ainda. Aí eu cansei de esperar e fui mais esperto e antes mesmo do arco-íris aparecer eu já tava lá na chuva. E aí eu encontrei o que eu achei que era o tesouro porque era do jeito que tinham me falado. E eu tava feliz, mas bem quando eu pensei que tava tudo certo e eu fui correndo contar pra minha mãe o que eu tinha encontrado, meu avô foi pro rio. Acho que ele foi nadar. Aí eu percebi que o que eu achei que fosse o tesouro não era um tesouro nada. Eu chamei ele pra voltar, mas ele falou que lá é legal. Eu também quero ir pro rio porque aqui tá muito quente, mas parece que eu tenho que aprender a nadar primeiro pra eu poder ir também e eu não sei nadar e aí eu chorei. E eu corri e corri. Aí eu pulei. Eu pulo bem longe. E corri ainda mais rápido que tudo. Eu sou muito rápido. E fiquei acordado até bem tarde porque eu quis. Eu fiquei com medo, mas eu ouvi meu avô falando baixinho no meu ouvido, quando ele foi me cobrir de noite, que ele tá me vigiando lá de onde ele tá e, já que ele tá me vigiando, então eu tenho que me comportar e tenho que ser um bom menino e ir pra escola e comer direitinho e dormir cedo. E eu não vou mais chorar. E não vou mais ficar procurando tesouro nenhum.

Parou de chover um bom tempo e tava muito quente, aí eu peguei a mangueira e fui regar as plantas no quintal, que é verde e marrom. E eu sentei ali no chão do quintal e fiquei regando. Quando eu vi, o que era marrom e verde foi ficando meio dourado e aí eu olhei pra água. Eu não sei o que eu fiz, mas apareceu um arco-íris muito bonito. E aí eu tirei uma foto pra mostrar pra vocês. E adivinha o que tava bem no fim do arco-íris ainda bem pequenininho?


O girassol!

Bruno

Um comentário:

  1. Que lindo!! O texto, o arco-íris e a paz que eles trazem!
    Por pior que seja a dor, por maior que seja o medo, o arco-íris ensina que as vezes é preciso 'chover' um pouco para que possamos ver algo bonito acontecer...

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