terça-feira, 27 de setembro de 2011
Grandioso Amor, Belicosa Insanidade


quinta-feira, 4 de agosto de 2011
MANDRUVÁS ALADOS
“Venho do século passado e trago comigo todas as idades.” (Cora Coralina)
Aproveito-me da onda do politicamente correto para ter a liberdade de fazer uma analogia gay: Uma lagarta morre para que uma borboleta possa nascer? Ou será que uma borboleta só é tida como bonita porque, inseto mais maduro e experiente que é, chama a atenção de quem a vê para o colorido de seu corpo, fazendo com que ninguém olhe com zelo para a parte que não corresponde as asas, escondendo o fato de ser apenas uma lagarta nojenta que sabe voar? Bicho esperto. Aos 29 anos de idade completados, iniciando meu trigésimo ano de vida, surge a análise comum (vez que sou um coró comum), do que fiz da minha vida, de tudo que passei, dos planos não realizados cada vez mais distantes, do muito que já conquistei e apenas não percebi porque foi de forma tão natural que nem vi. A sensação de ser uma pessoa totalmente diferente de quem eu era há pouco tempo. Aquele pensamento idiota que passa na cabeça de todo mundo de vez em quando: “Se eu tivesse a mentalidade que tenho hoje naquela época... tudo teria sido diferente...”. Tudo teria sido diferente, inclusive eu hoje. Se eu me tornei quem sou, foi porque fiz do jeito que tinha que fazer. Faz sentido?
E o que eu fiz nesses 29 anos?
Nada mais chato que esses bebês-adultos. Crianças que falam como adultos sempre existiram e as que conheci e vi crescer se tornaram jovens adultos-idosos. Eu segui a linha contrária. Fui uma criança que sentia prazer em ser criança.
Andei de bicicleta, skate, patins. Aos 10 anos de idade, ia a boteco tomar baré (de biclicleta, skate ou patins) tirando onda de freqüentar ambientes toscos e “ser adulto” (tomar refrigerante que tinha o mesmo casco que cerveja era muito legal).
(ilustração para as crianças que não têm ideia do que estou falando)
Fui à banca de revistas comprar gibis, voltei lendo muito envolvido com a história e esqueci minha bicicleta lá. Fiz catequese. Pisei em macumba. Joguei bombinha no quintal da casa do padre Arraes (que Deus me perdoe). Pulei muro do colégio. Fui mordido por um cachorro enorme. Subi na torre do sino da Paróquia Imaculado Coração de Maria, quando estudava no Colégio Claretiano. Tudo culpa da tal macumba, já dizia a benzedeira que insistia para minha mãe que eu precisava de conserto.
Chorei quando cortaram os eucaliptos da curva do eucalipto (um dia contarei essa história).
Ficava sentado na calçada, ou na pracinha, conversando com os meninos da vizinhança todas as noites.
Aos 12 anos de idade, empolguei com Guns. Descobri o rock’n roll. Usei jaqueta preta, corrente com crucifixo enorme, anéis de caveira e deixei o cabelo ficar enrolado. Na minha cabeça eu era mau. Revendo fotos, eu era apenas um magrelinho nerd fazendo careta. Não importa a roupa. O estilo magrelinho-nerd sempre foi a parte determinante. Pegava emprestado livros de romance policial na biblioteca da praça cívica.
Chorei quando perdi cães que eu amava. Sempre nos apegamos aos animais, mas quando crescem com a gente é mais difícil separar as coisas.
Já fiz alguém sorrir.
Fui um adolescente que curtia budismo, até descobrir sobre bruxaria (e, claro, me empolgar). Apenas mais um menino patético empolgado com a onda new age da virada do milênio. Adolescentes têm direito de serem patéticos, não é? Estudei um pouco acerca de espiritismo, budismo, hinduismo, protestantismo, Santo Daime, wicca, seicho-no-ie, ateísmo, até perceber que tudo fala da mesma coisa, então, nada importa.
Já fiz alguém chorar.
Já vi disco voador.
Fiz pipoca e comecei a cantarolar a música do comercial de refrigerante. Fui um adolescente criticado por gostar de coisas de criança. Fui comprar refrigerante. Ainda nessa época entendi o poder da boa publicidade. Resolvi cursar Publicidade.
Já quis morrer.
Descobri que dinheiro vem antes de satisfação pessoal.
Resolvi que faria curso de Direito.
Chorei quando perdi alguém que eu amava. Olhando a lua cheguei à conclusão: “Morrer para que, se a lua é tão bonita?”.
Encontrei a mulher cujas características se encaixam na descrição do que a vidente viu. Ainda não fiz dinheiro. Ainda me entusiasmo com propagandas. Tornei-me um adulto que se empolga como criança.
É... Pensando assim, borboletas não passam de mandruvás com asas, voando por aí, sendo admirados. Corós lindos.
Ah, pisar na macumba foi legal!
Bruno César
quarta-feira, 27 de julho de 2011
PÁSSAROS QUE LATEM - Capítulo VI
A arara-azul olha o horizonte, pensando no que virá, e logo sua mente se projeta para o passado, lembrando do que viveu até chegar àquele momento. Como ocorre em toda morte, antes de um novo renascer, sua vida se repassa diante de seus olhos.
A arara abriu suas asas. Desceu planando tranquilamente, até pousar em frente ao cão que, admirado com aquela postura imponente que a arara-azul adquiriu, limitou-se a sentar-se e dizer olá a sua amiga.
A arara-azul então respondeu: “Não sei... Talvez eu esteja sorrindo por perceber que minha vida só está seguindo o caminho que escolhi para que ela seguisse, ao tomar minhas decisões. Se agora estou voando por ares que temo e desconheço é porque escolhi sair do meu ninho-seguro, onde eu confiava em mim e nas outras aves, além de ter um Pássaro-mais-velho maravilhoso. Se enfrento problemas nos meus vôos com a arara-vermelha, é porque escolhi continuar voando assim, mesmo quando percebi que não havia mais razões para tal. É porque sou covarde e morro de medo de voar sozinha. Se meu bando mudou comigo, deve ser porque eu mudei primeiro. Porque me distanciei, me fechei... Se meus medos mudaram, talvez isso não seja tão ruim. Deve significar que amadureci e que aqueles medos anteriores não me afligem mais. Por isto estou sorrindo! Talvez eu apenas tenha aprendido a ver o mundo por um ângulo mais positivo. Ou talvez eu esteja ficando louca!”.
O cão a olhou, sorriu, e falou calmamente: “Estou orgulhoso de você, irmã. Você se tornou uma majestosa harpia-azul”.
De repente o silêncio domina a floresta. Todos os animais estão a postos, ansiosos, contentes: A Mãe Natureza chegou para, mais uma vez, lhes informar as missões a que cada um estaria destinado – ela notava nos olhos dos animais qual era seu destino. Ela não distribuía realmente as missões, ela apenas informava e orientava.
A Mãe Natureza se aproximou da harpia-azul. Olhou em seus olhos. Olhou e olhou e então sorriu. Com um sorriso verdadeiramente faceiro disse: “Ora, ora... mas é claro...”. Ela olhou para trás e, com um assovio, três lindos cãezinhos se apresentaram. Olharam com curiosidade para a harpia-azul, pois nunca tinham visto um cão assim.
A harpia-azul, mesmo tendo sempre muito respeito pela solenidade do evento, olhou para o cão de modo a se fazer entender que aquilo demonstrava o sentido mais que perfeito das coisas. Ela sente novamente que há lugar para ela no mundo. O cão sorriu e aquela que um dia foi um delicado passarinho sonhador, que se tornara uma linda arara-azul, era agora uma harpia com a bela missão de ser, para aqueles cachorrinhos, o Cão-mais-velho.

B.C. *coautoria de Ana Carolina Santos
* CAPÍTULO I DE PÁSSAROS QUE LATEM: Uma estranha união
sábado, 11 de junho de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
PÁPRICA
Ela abre os olhos e observa a meia luz que passa por entre as frestas da cortina, sem saber ao certo se está amanhecendo ou se é entardecer. Franze um pouco a testa quando começa a se lembrar da dura decisão que terá que tomar muito em breve. Mesmo assim, está satisfeita, pois experimentou a leveza da maior liberdade que alguém pode sentir: esquecer o próprio tempo. Abre as janelas e contempla as cores do céu límpido.
Olhar vazio.
sábado, 12 de março de 2011
A DANÇA DA BIPOLARIDADE

(Bruno César Machado de Oliveira)
Na sensual dança da bipolaridade, passei alguns dias deprimido.
Sensação de vazio.
Cheiro de café.
Sons ao longe.
Abri os olhos.
Sábado.
Vontade de mudar de pólo.
Manhã fria.
Cheiro de pipoca.
Deitei no chão do quintal.
Comecei a tirar fotos de nuvens.
(Quis saber se mais alguém vê os mesmos desenhos que eu vejo).
Nuvens mais escuras.
Chuva leve.
Banho de chuva.
Brisa agradável.
Cheiro de vida.
Raios de sol no rosto.
Nuvens mais claras.
Novos desenhos.
Uma das nuvens se sentiu à vontade comigo e resolveu revelar seu rosto.
Foi incrível.
Um pouco assustador.
Eu também estava sendo observado.
Espero que tal grandiosa face tenha gostado dos desenhos que viu em mim.
Vontade de me espreguiçar.
Sensação de plenitude.
Um sorriso.
Acordei.
Estou de volta.
(BC Maoli)
domingo, 16 de janeiro de 2011
AMOR AO PRIMEIRO SORRISO
Sonhei com uma garota tempos atrás. Há meses, já não sei quantos. Anos talvez. Ela tinha um olhar doce e uma postura firme. Aparentava tristeza. No sonho, caminhávamos juntos enquanto ela me contava sobre algo ruim que acontecera com ela e eu a confortava.
Durante o caminho, falei alguma coisa idiota que serviu ao mesmo tempo para devolver a ela o brilho no olhar e para eu receber um tapa nos ombros, desses que só ganhamos de quem gosta da gente, e foi então que percebi algo mágico. Eu a fiz sorrir. O sorriso mais puro, iluminado pelo brilho encantador de seus olhos deu a mim uma leveza na alma que não me lembro de antes ter sentido. Eu estava renovado. A turbulência de meus planos auto-sabotadores, a dor de carregar enorme rancor no coração e o peso de minha alma cansada simplesmente desapareceram com aquele sorriso.
Foi, então, que eu acordei.
A sensação era de uma lembrança boa de algo que realmente havia acontecido há pouco tempo. Demorei alguns segundos para entender que eu nunca havia visto aquela menina e ainda aceitar que talvez... não talvez, provavelmente, ela nem exista realmente. Fiquei triste quando entendi que era apenas um sonho, mas, ao mesmo tempo, algo curioso me chamou a atenção.
A depressão desapareceu.
Anos e anos de amargura e passos descrentes, degraus decrescentes. Parado no tempo enquanto olhava com olhos opacos o mundo girar com toda sua força. Despertando diariamente me lamentando por não ter morrido enquanto dormia. Tudo se foi com um sonho, sem deixar qualquer vestígio. Era ainda madrugada, abri a janela, olhei para cima e observei placidamente o infinito celeste. Morrer para que, se a lua é tão bonita? Minha alma se tornou leve e com vontade de vida como a de uma criança. Quem me conhece hoje, jamais imagina quem eu fui e me divirto com as tentativas frustradas que alguns tem em entender quem eu sou.
Eu sou um homem que vive a procura do sorriso que viu em um sonho.
Bruno César Machado de Oliveira
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
ANO NOVO, NOVO UNIVERSO
Listas de resoluções de ano novo não recebem a atenção que merecem. Não prometa a si mesmo que vai começar um regime, nem parar de fumar. “Nesse ano eu vou estudar”. Essas são promessas que, durante o ano inteiro, deixamos para começar na próxima segunda-feira. Sempre na próxima.
Desta vez, faça uma resolução diferente.
No interior de cada um de nós existe uma essência única, que é quem realmente somos. Em geral, as promessas de mudanças são tentativas de adaptar, aparar, suas características naturais, tornando-as mais apropriadas ao sistema, ao mesmo tempo que se distanciam de seu eu mais puro.
Descubra qual simples ritual o permite identificar e visualizar sua verdadeira natureza (seja sentar em um parque, olhar para a lua ou para os olhos de uma mosca) e então se concentre. Você saberá que a identificou quando perceber que não se importa mais com a gordura localizada, quando acender um cigarro ou parar de fumar naturalmente sem ao menos perceber, e quando estudar deixar de ser uma tortura e se tornará mais uma forma de prazer (rasgue a lista que fez até então). Neste momento, quando o mundo parar e o tempo descontinuar, pense em sua resolução de ano novo.
Eu, que sempre fui acusado de ser esquizofrênico e de viver em um mundo lúdico, sei bem qual a minha resolução. Se você pensou que seria algo como mudar meu jeito de ser, sair da bolha e viver como uma pessoa “normal”, por favor, releia a parte que falamos sobre o respeito que se deve ter pela essência do eu mais puro.
NESTE ANO, prometo criar um universo totalmente novo, mais coeso e estável, com características um pouco mais próximas das pertencentes ao considerado “mundo real” e permitirei que pessoas que não desejam estourar minha bolha tenham acesso há um novo mundo lúdico, maior e mais habitável. BWA-HA-HA-HA!!!
É um bom plano. E qual é o seu?
BC Maoli
domingo, 14 de novembro de 2010
PÁSSAROS QUE LATEM

segunda-feira, 1 de novembro de 2010
DAS COISAS QUE EU ME LEMBRO E A CHUVA
sábado, 4 de setembro de 2010
TATUAGENS E OUTRAS MARCAS QUE FICAM
Para uma alma livre de formas pré-moldadas, marcas são inevitáveis. Como será essa marca, o livre arbítrio nos permite escolher. Antes de nos marcar, a vida nos pergunta: “Você quer uma cicatriz ou uma tatuagem?”.
Cicatrizes são estigmas deixados por feridas que muitas vezes voltam a se abrir. Quando finalmente se fecham, fica o eterno incômodo e a sensação de que aquela mancha, geralmente no peito, não precisava existir.
Uma tatuagem é um registro de um ritual de passagem. Muitas vezes doi quando está sendo desenhada, ainda mais dependendo do tamanho do desenho e o local a ser tatuado. Mas, no fim, olhamos para a bela tatuagem sempre com a satisfação de nos lembrarmos da passagem em nossas vidas que aquela figura representa.
Apesar de estranho, é comum as pessoas se apegarem a cicatrizes. Acreditam não terem chance de escolha, afinal, a maioria não queria mesmo nenhum tipo de vestígio de experiência... Queriam uma alma limpa, imaculada, por saberem que um homem que consegue uma marca não é o mesmo homem que era antes de ser marcado.
A verdade é que há escolha. Quando a vida lhe fizer a pergunta (não se preocupe, ela fará. E quando você menos esperar, perguntará de novo), responda sem pestanejar: “Eu quero uma tatuagem!”.
Nessa altura da jornada, minha alma está repleta de marcas. São desenhos lindos dos quais me orgulho. Lembro com carinho, mas não com saudade do tempo em que não havia vestígios de sinais.
Há pouco tempo consegui mais uma tatuagem.
Minha alma ficou mais bonita.
O mundo ficou mais bonito.
BC
domingo, 1 de agosto de 2010
Férias e as Virtudes Capitais – Parte I
O melhor caminho que encontrei para aproveitar as férias foi me entregar à futilidade extrema. Uma pessoa chata, sistemática, preocupada, paranóica... passar as férias procurando solucionar problemas insolúveis... “organizar as coisas”... estudar... não, obrigado.
Ao me levantar da rede para fazer uma saudável caminhada (a qual fiz de carro) que se concluiu em água de coco gelada, sombra, um momento sentado em um gramado, tive tempo vasto para pensar algo cujo teor minha saudosa avó chamaria de “potocas”: Curtir preguiça é pecado?
Hoje se sabe que a idéia de pecado foi imposta pela sociedade para limitar as ações do homem, sobretudo na Idade Média, alguns desses, pecados capitais, foram considerados merecedores de condenação.
Em apertada síntese:
Preguiça: Curtir a preguiça sem o menor vestígio de culpa é o maior presente que um homem adulto pode se oferecer.
Ira: Extravasar sentimentos ruins previne câncer. Nem é teoria minha, é algo cientificamente comprovado.
Gula: Essa é prima-primeira da preguiça. Frase feita clássica: Comer da sono e dormir da fome. Pra quem não acredita em verdade absoluta, fica a dica.
Luxúria: Consultando wikipédia: “Segundo a Doutrina Católica, é um dos sete pecados capitais e consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema, lascívia e sensualidade.”
Bom... err... bem... Tá, e aí?
Ainda tem vaidade, avareza, inveja, mas a água de coco acabou... dia muito quente... Hora de tomar cerveja.
Conclusão do raciocínio lógico fútil: Curtir preguiça é uma virtude, os outros pecados... também.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
O FIM DO FUTURO DO PRETÉRITO
Hoje eu acordei com vontade de mudar o futuro. Me dá sua mão! Vem comigo!
BC
sábado, 8 de maio de 2010
QUANDO UM CAPÍTULO SE ENCERRA
LEMBRANÇAS DO FUTURO DO PRETÉRITO E OUTROS TEMPOS VERBAIS QUE NÃO DEVEM SER DITOS (1ª PARTE)
Era uma vez, em um futuro não muito distante, olhando pela janela a procura de estrelas e aguçando seus ouvidos em busca dos sons da noite, você, em um futuro mais próximo do que pode imaginar.
Saber o fim da história pode estragar o prazer de vivenciá-la. Talvez seja o não saber que traz a vontade de viver mais um minuto. Algumas pessoas não se importam se alguém as conta a história de um livro ou filme, vai querer ler e assistir da mesma forma. Essas pessoas não se apegam ao fim, mas, sim, à jornada.
Se você for uma dessas pessoas, continue a leitura.
Se não quer que eu estrague a surpresa, se acha entediante viver sem a ansiedade da insegurança, aconselho a parar por aqui.
Pois bem. Continuemos. Olhando pela janela, você se pergunta onde e quando exatamente estava a encruzilhada cuja estrada você pegou por engano. Seguiu em frente quando hoje você acredita que deveria ter virado à direita.
Vendo as luzes ao longe é estranho e fascinante notar que tudo fica mais fácil, agradável e prazeroso depois que se torna passado. Uma pessoa faz muito mais falta no passado do que faz no presente. No presente nem faz falta. Tanto faz. Mas então se torna passado e... Como você pode viver sem esse alguém? Sua ausência lhe traz uma pressão estranha no peito. Fácil entender porque os poetas relacionavam sentimento com coração em vez de sua verdadeira fonte, o cérebro. O peito realmente dói. Às vezes o cérebro também dói. Mas não se preocupe, vai passar. Não nessa época de seu futuro que estamos abordando, mas um pouco mais a frente. De qualquer modo, vai passar. Você vai se acostumar.
Como tem acontecido nos últimos anos, creio que começou ainda no seu presente, apenas se intensificando com o passar dos meses, a noite lhe atrai com uma força magnética irresistível. As paredes lhe apertam. Você precisa mergulhar na noite. Você sai.
Eu sei que caminhar faz as vozes em sua cabeça falarem mais pausadamente. Um dia você vai me contar isso e eu irei achar estranho, mas pensando bem, depois de tudo que vimos, faz até sentido. Fazer sentido é bom.
Em sua caminhada, você verá lugares movimentados, como aquele bar que um dia você poderia ter ido. Um grupo lhe chama a atenção, pois uma pessoa sentada à mesa se parece muito com quem você era. Era bom, não? Você imagina se são colegas de trabalho. Lembrando-se de seus próprios colegas você não imagina porque tudo aconteceu daquela forma. Vendo agora é tão simples. Simples demais. Se ao menos você soubesse disso antes...
(...)
BC Maoli
17.04.2010
EU SOU!
(Uma tentativa de resposta sincera)
Sou aquele que acorda de manhã e fala: Bom dia, Dia!
Sou aquele que:
Plantou grama para ter a liberdade de pisar
Colhe fruta do pé
Anda com os pés no chão
Sou aquele que depois de tudo, ainda consegue deitar na rede e ver desenho em nuvem
Eu sou aquele que detesta truques de mágica e ama a magia
Que usa roupa do avesso e só percebe na hora de tirar
Sou aquele que sai de casa usando camiseta com estampa de banda, bermuda e chinelo, não por ser fuleiro, não por querer passar alguma idéia, mas apenas porque realmente acha que está bem vestido (bom, talvez eu seja fuleiro)
Eu sou jurista por profissão
Filósofo por natureza
Escritor, por ter algo a dizer, mas que não sai (um dia descubro o que é)
E jornalista, porque agora todos somos
Eu sou aquele que, antes de dormir, olha as estrelas e diz: Valeu, Brother! Valeu!
BC